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Seis novas espécies de insetos são descobertas no Espírito Santo

Seis novas espécies de insetos foram descobertas na região serrana do Estado, por pesquisadores do projeto “Entomofauna do Espírito Santo”, do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper). Elas foram descritas em artigo científico publicado neste mês, na revista internacional “Zootaxa”, editada na Nova Zelândia.

Até então desconhecidas pela ciência, as espécies de mirídeos (popularmente conhecidos como percevejos) foram coletadas em ambiente de Mata Atlântica, nos municípios de Venda Nova do Imigrante, Domingos Martins e Santa Maria de Jetibá.

O engenheiro agrônomo, doutor em Entomologia, pesquisador voluntário do Incaper e coordenador do projeto, David dos Santos Martins, explica que as novas espécies pertencem a três Subfamílias da Família Miridae: Bryocorinae, Cylapinae e Deraeocorinae.

A família Miridae é a maior da Subordem Heteroptera (Hemiptera), com aproximadamente 10.000 espécies distribuídas em 1.383 gêneros ao redor do mundo. No Brasil, são conhecidas cerca de 1.000 espécies. “No nosso estudo, identificamos 45 espécies dessa família, sendo 25 novos registros para o Espírito Santo. Destas, seis são inéditas para a ciência”, destaca Martins.

Os mirídeos desempenham papéis essenciais nos ecossistemas, atuando como predadores de insetos, pragas e vetores de viroses. A descoberta dessas novas espécies pode ajudar a entender melhor as interações ecológicas e os equilíbrios nos habitats onde foram encontradas. “Muitos mirídeos são fitófagos, alimentando-se de plantas vivas sugando sua seiva, enquanto outros são predadores de insetos, ajudando a controlar populações no ecossistema”, explica Martins.

No âmbito da agricultura, mirídeos predadores têm potencial como agentes de controle biológico de pragas, enquanto os fitófagos podem causar danos a culturas. Algumas espécies podem até transmitir vírus a outras plantas. “Mirídeos que se alimentam de pulgões, por exemplo, ajudam a proteger plantas cultivadas. Estudos aprofundados sobre essas novas espécies podem levar ao desenvolvimento de estratégias agrícolas mais eficazes e sustentáveis”, avalia Martins.

Além disso, vários mirídeos são sensíveis a mudanças ambientais, servindo como bioindicadores. A presença ou ausência dessas novas espécies pode refletir a qualidade do ambiente e as mudanças nos ecossistemas locais.

Nomes homenageiam Incaper, pesquisadores e Venda Nova do Imigrante

As novas espécies de mirídeos foram nomeadas Eurychilella incaperanus, Knightocoris carlosleitei, Sinervus vendanovensis, Sinervus venturai, Valdasoides marisae e Valdasus carpinteiroi.

O nome Eurychilella incaperanus homenageia o Incaper, pela assistência logística ao estudo, que permitiu aos pesquisadores participantes do estudo o registro e produzir a publicação, e também por dois dos autores responsáveis pelo estudo serem entomologistas do Instituto.

Sinervus venturai homenageia o pesquisador José Aires Ventura, do Incaper, em reconhecimento às suas contribuições à ciência no Brasil, em especial à pesquisa agrícola do Espírito Santo. Sinervus vendanovensis faz referência ao município de Venda Nova do Imigrante, onde a espécie foi coletada.

Primeira ocorrência de espécie na América do Sul

O artigo sobre as novas espécies foi publicado com o título “Synopsis of Miridae (Hemiptera: Heteroptera) in Atlantic Forest Dominion, Espírito Santo State, Brazil: keys, diagnoses, new species, plant associations, and geographic distribution. Part I: Bryocorinae, Cylapinae and Deraeocorinae”.

Na publicação, os pesquisadores relatam outro achado científico importante para o Espírito Santo. Um exemplar de mirídeo de uma espécie do gênero Clivinema foi coletado em Venda Nova do Imigrante, o que representa o primeiro registro deste gênero na América do Sul.

“A maioria das espécies desse gênero ocorre no Canadá e na América do Norte. Apenas uma espécie deste gênero é representada na Região Neotropical, com distribuição no sul do México. Este é o primeiro relato do gênero Clivinema no Hemisfério Sul. Isso mostra a riqueza de biodiversidade de insetos que o Espírito Santo possui”, pontua David Martins.

Entomofauna do Espírito Santo

O projeto “Entomofauna do Estado do Espírito Santo” dedica-se à identificação da biodiversidade de insetos no Estado. Além dos mirídeos, outros grupos de insetos são estudados por meio da coleta de espécimes em diversos ambientes e regiões capixabas. O projeto também reúne informações dispersas sobre a biodiversidade de insetos coletados em acervos de coleções científicas e com registro de ocorrência em publicações especializadas do Brasil e Exterior, com suas respectivas plantas hospedeiras e distribuição no estado.

“O principal objetivo é reunir estas informações da biodiversidade do Espírito Santo, e aquelas que se encontram dispersas, para tornar essas informações acessíveis e de fácil consulta aos segmentos do ensino, pesquisa, extensão rural e defesa agropecuária, entre outros”, afirma Martins.

Sendo desenvolvido há cerca de 20 anos no Incaper, o projeto visa disponibilizar futuramente os resultados de forma digital em um Catálogo da Entomofauna do Espírito Santo. Nesse estudo já foram catalogadas cerca de 6.000 espécies distribuídas em várias ordens de insetos, além de cerca de 1.200 referências recuperadas com registros de espécies de insetos no Estado.

(DA REDAÇÃO \\ Guth Gutemberg)

(INF.\FONTE: Internet \\ Gov. ES)

(FT.\CRÉD.: Internet \\ Divulgação)